quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Nara Leão


Oi eu me chamo Nara Lofego Leão e sou filha do advogado Jairo Leão e da dona de casa Altina Leão,eu fui um dos ícones do movimento musical da década de 60 que ficou conhecido como bossa-nova. Nasci em Vitória, e vim ainda criança para o Rio de Janeiro com a minha família, onde fui morar na zona sul, junto com a minha irmã, Danuza Leão, que mais tarde também se destacaria como modelo e jornalista. Eu fui extremamente tímida na minha infância, E desisti de aprender o acordeom, instrumento da moda na época, para poder me dedicar ao violão, que acabou se tornando o companheiro de toda minha vida. Um dos meus primeiros namorados foi Roberto Menescal, ao qual apresentou o ritmo que estava encantando os Estados Unidos, o jazz.

E ficamos entediados com as músicas que estavam sendo feitas no país,eu e os meus amigos começamos a se reunir em minha casa para buscar ritmos diferentes e fazer uma nova música. Estávamos então definido o ponto de encontro de artistas como Ronaldo Bôscoli e João Gilberto, que, juntamente com outros grandes nomes da música brasileira, criou a bossa-nova. Eu me tornei a musa daqueles rapazes que queriam fazer músicas com poesias.

Com o aumento do interesse pelo novo ritmo, as apresentações nos apartamentos ficaram pequenas para que o crescente público e, assim, começaram as apresentações em universidades e boates. Na minha estréia em um des
ses grandes shows, eu fiquei tão nervosa que me apresentei de costas para o público.

Fiquei noiva do cantor e compositor Ronaldo Bôscoli,Mas depois eu rompi com ele, após saber que ele tivera um caso durante uma viagem pela América do Sul com a cantora Maysa. A minha estréia profissional aconteceu com
o musical de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, 'Pobre Menina Rica'. Apesar da superprodução, o espetáculo não fez o sucesso esperado.
Depois o meu sucesso chegou com o lançamento do meu primeiro disco, em 1964, onde surpreendi com o resgate de músicas de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da temática da b
ossa-nova, que só tratava de temas como o sorriso, o amor e o mar.

Eu fui a estrela do show Opinião, ao lado de João do Vale e Zé Kéti, um dos mais aclamados da MPB. Que depois só tive de sair por problemas de saúde, escolhendo a cantora Maria Bethânia para ficar em meu lugar. Logo depois, estreei o espetáculo 'Liberdade, Liberdade', que foi censurado após pouco tempo em cartaz.

Eu que era uma menina tímida, que tinha medo do palco, tornei-me uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime militar. "Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política", disse a mim em uma entrevista em 1966. Apesar de o então presidente, Arthur da Costa e Silva, queria enquadrar- me na Lei de Segurança Nacional, uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade.

Fui uma das primeiras cantoras consagradas a apoiar a Tropicália, outro movimento musical que revelou grandes nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Foi também ao can
tar 'A Banda', de Chico Buarque, que ganhei o 2° Festival de Música Popular Brasileira.

Após um tempo no exílio na It
ália e na França, onde permaneci casada com o cineasta Cacá Diegues e tive a minha primeira filha, Isabel,e retornei ao Brasil, onde tive o meu segundo filho, Francisco.
Retomei aos poucos a minha carreira cantando com amigos e fazendo shows por todo mundo, principalmente no Jap
ão, onde tinha um público cativo. Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989,eu morri devido a um tumor inoperável no cérebro.

Postado por : Thais Camargo

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